sexta-feira, 4 de setembro de 2009

03 DE SETEMBRO: DOIS MESES DA OCUPAÇÃO RAÍZES DA PRAIA.




Dois meses de organização, luta e resistência. Dois meses enfrentando o ódio de classe, a arrogância e a violência da burguesia racista de Fortaleza.
A “Raízes da Praia” é construída por Silvas, Ribamar, Pereiras... Por descendentes da gente negra e cabocla parida por esta terra. Contra as dezenas de famílias trabalhadoras, uma única família – Otoch – símbolo da nossa elite: branca, de origem estrangeira, dona de capital, especuladora imobiliária. Acostumada a mandar no povo pobre do Ceará, essa elite reage com violência quando levantamos a cabeça para reivindicar o que é nosso. Mas não nos venceram e não vencerão.
Por trás da violência, a propriedade que eles consideram sagrada. No caso, a propriedade de uma terra que há algumas décadas era parte da praia – dunas e lagoas aterradas por toneladas de areia, concreto, vidro e lixo. Bens da natureza e do povo, que foram roubados por grileiros e assassinados por capitalistas inescrupulosos, a maioria vindos do além mar.
Apesar de todo o ódio, preconceito e violência, a raízes da praia vive e resiste, graças à força do nosso povo e à solidariedade de tanto cidadãos e cidadãs de boa fé.
Após muita luta e pressão, o MCP e a comunidade Raízes da Praia conquistaram uma importante vitória com o Decreto de desapropriação do terreno, publicado no Diário Oficial do Município de 24 de agosto. No dia 22/08, a assinatura do decreto foi celebrado pela comunidade com a presença de vários amigos e apoiadores. As porta-vozes da ocupação ressaltaram o duro caminho de lutas percorrido até aqui e o longo caminho que percorreremos até conseguirmos construir a liberdade e autonomia da nossa comunidade no território em que vivemos, de mãos dadas com as demais comunidades e sempre ameaçadas como Serviluz, Morro da Vitória, Lagoa do Coração, Caça e Pesca etc.
Apesar da publicação do decreto, o Judiciário concedeu uma reintegração de posse para o Otoch. Numa decisão em que destila o veneno do ódio de classe, a juíza Ana Maria B. S. Amaral, da 9ª Vara Cível, concedeu a liminar. A decisão da juíza é um cabedal de ofensas e agressões aos réu, seus advogados e, até mesmo, à Prefeitura. É o discurso da propriedade sagrada (sem levar em conta a função social da Constituição Federal), do preconceito aos “invasores irresponsáveis” (desrespeitando as centenas de milhares de fortalezenses que vivem em bairros originados de ocupações). Enfim, é o discurso da velha direita reacionária que, ultimamente sem votos, esconde-se atrás da toga de magistrados que desconsideram a Constituição e decidem com base na classe social das partes.
Com o decreto de desapropriação, demos um passo a frente. Com luta e solidariedade, não daremos nenhum passo atrás.

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